É com um brilho dos olhos que Paula Pinto fala sobre o seu trabalho. Há nove anos na TAP Carga, ganhou uma enorme paixão pelo serviço que presta e pelos transportes especiais de animais que ajuda a coordenar.
O último transporte especial de animais que coordenou foi o da Goolara - coala batizada pelos passageiros a bordo do voo entre Düsseldorf e Lisboa - na semana passada, transportada da Alemanha para o Jardim Zoológico de Lisboa.
O processo é longo e não se limita ao próprio voo. É necessário, em primeiro lugar, reunir todas as condições para que esteja garantido o bem-estar do animal, percebendo o que é necessário para que a viagem seja feita com o maior conforto e o mínimo de constrangimentos. É então necessário perceber como será feito o transporte: na cabine ou no porão, sobre as cadeiras ou no chão, se é necessário remover cadeiras e bloquear lugares, qual a temperatura ideal para o animal e como garanti-la. São ainda precisas autorizações especiais, nomeadamente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), dos aeroportos envolvidos e das autoridades veterinárias do país de destino.
O contributo das pessoas envolvidas é fundamental. A TAP Carga trabalha em estreita colaboração, com o aeroporto, os serviços de handling, os serviços veterinários, a alfândega e todas as entidades externas necessárias ao sucesso destes transportes especiais. Na TAP, por exemplo, a TAP ME é chamada, quando necessário, a intervir na cabina, para adaptar o espaço. Também as tripulações, para quem estes momentos são certamente especiais, estão envolvidas. Sobre José Anjos, Diretor da TAP Carga, Paula Pinto tem a dizer que é “um verdadeiro apaixonado pelos animais”.
No caso do transporte de uma tartaruga para os Estados Unidos, em 2011, a própria tripulação contribuiu para o sucesso do empreendimento, dando a ideia de aquecer garrafas de água e colocá-las envolvidas em cobertores dentro da caixa transportadora, garantindo assim a manutenção da temperatura necessária ao bem-estar do animal num voo que é longo. Este foi o primeiro transporte especial de animais a cargo de Paula Pinto e tem, por isso mesmo, um significado especial.
Quando é feito a partir de Lisboa para outro destino, a proximidade de todas as estruturas de apoio facilita o processo e tranquiliza os responsáveis, em particular Paula Pinto, já uma especialista no transporte desta “carga” muito especial. No caso da Goolara, transportada para Lisboa, todo o trabalho de adaptação da cabina e de instalação do coala teve de ser feito longe de todo este conforto, o que não impediu o sucesso do empreendimento e o encanto dos passageiros a bordo.
A TAP já transportou a bordo dos seus aviões um hipopótamo pigmeu, uma foca, um conjunto águias pesqueiras e outro de pinguins, um tigre da sibéria, três coalas e um adax. O site da TAP Carga tem disponíveis fotografias e vídeos destes acontecimentos verdadeiramente especiais.
“Estamos a falar de animais que não estão habituados a andar de avião, tudo pode acontecer.” E para garantir que tudo corre bem, Paula Pinto revê vezes incontáveis tudo o que é preciso, o que chega a custar-lhe o sono nas noites anteriores. “Depois de tudo acontecer, é o alívio completo e uma emoção total.”
Paula trata habitualmente de todos os animais transportados como carga. Fala de animais de companhia também e de como por vezes ficam retidos devido a alguma irregularidade (como falta de documentação em dia ou perdas de ligação). Nestas ocasiões, Paula trata-os como se fossem seus e chega a ir de propósito ao aeroporto para passear um cão. No fim, tratam-se de seres vivos e por isso há uma preocupação adicional em relação à restante carga.