Lara Pereira e Filipa Ventura chegaram às notícias no final de novembro e encheram de orgulho a Companhia que as recebe há 10 e 15 anos, respetivamente, nos seus quadros. Estas tripulantes de cabina são também voluntárias ligadas à causa animal e têm usado as suas facilidades de viagem para trazer animais abandonados nos canis dos Açores para o continente, onde os esperam famílias para os adotar.
A história foi amplamente divulgada e partilhada, dentro e fora da TAP, por colegas e por desconhecidos, e a curiosidade sobre as protagonistas da história – e também pelos cães – cresceu, estando já marcada para depois da época festiva uma reunião com responsáveis da TAP, no sentido de encontrar uma forma de facilitar este trabalho.
Ambas a tripulantes dedicam-se ao voluntariado animal há muitos anos. A associação Labrador Rescue Portugal foi criada por Filipa e duas amigas em 2011, inicialmente como uma página no Facebook que divulgava apelos relacionados com cães de raça Labrador ou cruzados. Lara juntou-se ao projeto já este ano. “Notei que com o início da crise e também o fim da moda dos Labrador, havia muitos abandonados, mas devido ao seu caráter havia muita gente a querer adotar, sem saberem onde se dirigir. A Labrador Rescue iria criar esta ponte”, afirma Filipa.
E outra ponte foi criada pelas duas tripulantes, uma verdadeira ponte aérea, entre os Açores e o Continente, de resgate de animais de canis, que são posteriormente entregues a famílias dispostas a adotá-los. Lara e Filipa fazem, assim, não só a mediação entre os canis e os adotantes, mas encarregam-se elas próprias do transporte dos animais, contando para isso com a boa vontade de passageiros ou usando as facilidades de viagens que a sua profissão lhes garante.
Lara, Filipa e os seus melhores amigos
O amor pelos cães, como a profissão e a amizade, é o que une estas duas mulheres. A angústia que sentem ao tomar conhecimento de histórias de abandono ou potencial abate é tão forte como a vontade de os impedir. Lara é voluntária no canil municipal de Odivelas e dona do Twix, da Baunilha e da Amora – resgatada dos Açores –, todos eles adotados. Conta como, há umas semanas, encontrou uma cadela atropelada – “Estava tão traumatizada e desconfiada com as pessoas que durante semanas só tremia na box do canil, sem deixar que me aproximasse sequer. Há uns dias atrás, pela primeira vez deixou-me tocá-la e acariciá-la – e como são histórias como essa que marcam o seu percurso. Filipa, por seu turno, vive com o Thank e a Dakota, também adotados e parte da sua família: “Sempre cresci com animais e com a cultura que a responsabilidade do bem-estar deles é nossa, e que são membros a família.” E é precisamente esta cultura que procura transmitir.
A TAP e o voluntariado animal
A TAP tem um historial de apoiar causas e de ver crescer dentro dela grupos de voluntários. É, assim, com esperança que, depois das Festas, Filipa e Lara vão reunir-se com responsáveis da Companhia cujo apoio, consideram, pode fazer toda a diferença. “Pode permitir-nos, por exemplo, trazer os animais no porão sem custos, ou pelo menos com um desconto significativo, deixar-nos levar as caixas transportadores para as estadias em Ponta Delgada, ou até, eventualmente, conceder-nos um número de bilhetes com reserva por mês, para não corrermos o risco de não embarcar com os animais”, sugere Lara.
Quanto aos colegas, também se têm mostrado, de acordo com as tripulantes, cada vez mais sensibilizados com esta causa, apoiando-a, respondendo aos apelos e até, em alguns casos adotando animais.