No passado mês de abril, no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, foi anunciado um protocolo entre a TAP e o ginásio Sky Fitness que, entre outras vantagens, oferece aos Colaboradores TAP que se desloquem de bicicleta para o campus a possibilidade de utilizarem os balneários do ginásio.
Daniel Almeida, Horácio Ribeiro, João Filipe Henriques, Luís Filipe Marques e Valter Silva. Estes são os nomes de cinco Colaboradores TAP que se deslocam, diária ou regularmente, para o campus de bicicleta. A WHAT’S|UP foi conhecer as suas histórias e mostra aqui os seus rostos.
“Se tivesse um motorista e limousine para me deslocar para o trabalho, não seria tão feliz”
Valter Silva é Mecânico de Interiores de Cabina na Manutenção de Linha e vem praticamente todos os dias de bicicleta para a TAP, onde trabalha desde 1998. Excetuam-se os dias em que chove intensamente ou em que precisa de ir buscar os filhos à escola. Há três anos, foi protagonista de uma
reportagem da SIC e, este tempo passado, muito pouco mudou.
Valter desloca-se de bicicleta por rotina há muitos anos – já o fazia antes de começar a trabalhar na Companhia –, antes de as bicicletas partilhadas e de as ciclovias serem assunto em Portugal. Para além das vantagens que considera óbvias – ambientais, económicas e físicas – destaca os efeitos psicológicos que esta rotina lhe traz: “uma bela “despressurização” mental e um investimento nisto que prezo muito: tenacidade.”
“Com mau tempo dá mais emoção, torna o cenário mais desafiante durante os dez quilómetros que separam a casa do trabalho”
Horácio Ribeiro é membro da família TAP há 13 anos e exerce atualmente funções de Técnico de Qualidade. Começou a usar a bicicleta como transporte regular por volta de 2006 e – algumas alterações de rotinas pelo meio – desde maio deste ano, desloca-se todos os dias na sua bicicleta elétrica para o campus, “esteja bom ou mau tempo”.
Pesadas as alternativas, chegou à conclusão que a bicicleta é mesmo o meio de transporte mais vantajoso para se deslocar para o trabalho. Por um lado, o carro traz com ele todos os constrangimentos de trânsito em Lisboa, é mais poluente e difícil de estacionar. Por outro lado, de transportes públicos, demora mais de uma hora em cada trajeto e, é sabido, em hora de ponta há demasiadas pessoas a circular. De bicicleta, demora entre 30 e 40 minutos, sempre em ciclovia.
A escolha não foi difícil, até porque, diz, “para quem mora num raio de cerca de dez quilómetros da TAP, não custa mesmo nada”, combate o stress, proporciona exercício físico matinal – Horácio garante que, apesar de elétrica, pedala-se na mesma –, e torna divertidas as deslocações.
“Transformar o que para mim eram os piores momentos do dia, com todo o stress diário do trânsito, nos melhores momentos do dia!”
Foi em 2010 que João Filipe Henriques – que trabalha na área de engenharia de frota há um ano e meio dos 12 anos que tem de casa – começou a deslocar-se entre a sua casa e o trabalho de bicicleta. Entretanto, a bicicleta ganhou uma pequena cadeira à frente, onde João transporta o mais velho de três filhos até ao infantário, entre uma e duas vezes por semana.
Apesar de a rotina ter sido alterada nos últimos anos – sobretudo devido ao nascimento dos filhos – João continua a ver este meio de transporte como o melhor. Para além da componente lúdica, que considera fundamental, valoriza a “relação de proximidade maior com a cidade” que a bicicleta permite e a independência do trânsito e dos horários dos transportes públicos.
Para aqueles que já andam a pensar no assunto, João assegura que é mais fácil do que parece. Para quem não se sente confiante para andar sozinho de bicicleta na cidade, sugere a
MUBI – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta e o seu projeto Bike Buddy.
“Desafio-os a experimentarem e rapidamente irão verificar uma melhoria na sua condição física”
Luís Filipe Marques vive a 44 quilómetros da TAP, onde trabalha desde 1991. Utiliza a bicicleta entre uma e duas vezes por semana, no percurso de regresso a casa, e sobretudo no verão, quando os dias são maiores.
As razões que apresenta são simplesmente o gosto por andar de bicicleta, a falta de tempo para atividade física ao ar livre e o alívio do stress, com óbvias vantagens físicas e psíquicas. Luís considera que a opção por este meio de transporte é sem dúvida menos stressante que qualquer transporte mais “convencional”, ao mesmo tempo que é mais saudável.
“Vir de bicicleta é essencialmente um sentimento de liberdade.”
Daniel Almeida chegou à TAP no início deste ano, onde passou a integrar a equipa de User Experience Design. Vem desde março para o campus de bicicleta, todos os dias, 16 quilómetros por dia. Fez contas ao tempo e ao dinheiro e acabou por chegar à conclusão que, morando numa zona central de Lisboa, não só passa muito menos tempo em viagem, como gasta muito menos dinheiro, ao mesmo tempo que poupa no ambiente e no stress e ganha em energia e bom humor.
Daniel aponta ainda o fator liberdade – “Liberdade porque não estou sujeito aos transportes, às greves, aos constantes problemas das linhas do metro ou carreiras suprimidas, porque posso passar num supermercado e comprar o jantar a caminho de casa com um pequeno desvio, ir ao médico e não ter a preocupação de estudar os transportes públicos ou o trânsito/estacionamento caso fosse de carro” – e o vento na cara contra o sufoco de um carro, de um autocarro ou do metro.
Estacionamento, duches, segurança e kits para ciclistas na TAP?
Questionados sobre o que podem as empresas fazer, e em particular a TAP, para incentivar e apoiar os Colaboradores que se desloquem para o trabalho de bicicleta, todos deram ideias, algumas comuns aos cinco e outras mais “originais”. As respostas a esta questão constituiriam facilmente, por si só, material para um artigo.
Comum a todos é o tema do estacionamento próprio para bicicletas, em zonas abrigadas e seguras, por todo o campus. A possibilidade de tomar banho no campus – para aqueles que não têm balneários nos seus serviços – poderia também incentivar muitas pessoas a optar por este meio de transporte. João Filipe Henriques vai mais longe e sugere que sejam disponibilizados kits de chaves, bombas e remendos para reparar quaisquer pequenos problemas que possam surgir. Luís Filipe Marques, por seu turno, sugere ainda a aquisição de bicicletas por parte da TAP para deslocação dos Colaboradores dentro do reduto e até, eventualmente, trabalhar em conjunto com a ANA para criar condições para que os Colaboradores que trabalham no lado ar possam deslocar-se para os aviões de bicicleta.
Em conclusão, todos concordam que a TAP teria muito a ganhar com a utilização de bicicletas por mais Colaboradores, tanto pelo impacto positivo nas próprias pessoas e na sua saúde e bem-estar, como mesmo pela redução do impacto dos carros – circulação e estacionamento – no reduto.