A reunião anual de vendas da TAP Cargo, que decorreu ontem em Lisboa, juntou toda a estrutura de vendas da TAP Cargo para avaliar os resultados do último ano, aproveitando ainda para abordar as estratégias para 2017.
Presente em vários pontos do mundo – desde os mercados tradicionais da Companhia, como o Brasil e a Europa, aos mais improváveis, como o Bangladesh – a TAP Cargo reúne anualmente os seus agentes de vendas, que têm aqui a oportunidade de apresentar mais detalhadamente o seu mercado e de contribuir para a delineação da estratégia para o ano.
Mais do que uma reunião de trabalho – essencial para concertar o trabalho de todos – este evento anual é também uma oportunidade para que pessoas que trabalham em conjunto, mas espalhadas por todo o mundo, se reencontrem ou até que se conheçam pela primeira vez (como é o caso de alguns agentes de vendas), falem do negócio de forma mais informal e estabeleçam assim relações de trabalho mais fortes .

Equipa TAP Cargo
José Anjos é Diretor da TAP Cargo há 10 anos, onde lidera um total de 85 pessoas em todo o mundo. Com formação em Engenharia Eletrotécnica, passou por várias áreas da Companhia – onde trabalha há 30 anos – desde a manutenção ao handling, passando pelo controlo operacional. À WHAT’S|UP, fez um balanço do negócio nos últimos anos e falou das apostas estratégicas para os próximos.
José Anjos, Director da TAP Cargo
"A Carga é o segundo negócio da TAP"
O negócio da Carga decorre, necessariamente, a par do transporte de passageiros, em termos de estrutura e atividade, tendo em conta o espaço de porão disponível para este efeito. Visto por vezes como uma área de logística – necessária para a atividade – o negócio da Carga é muito mais do que isso, existindo essencialmente para fazer vendas e gerar receita.
O transporte aéreo de carga é sempre um negócio muito lucrativo para a Companhia, de acordo com José Anjos: “Tem níveis de rentabilidade sempre muito elevados e, portanto, é um negócio muito interessante: quanto melhor correr, maior será o benefício que a Empresa vai ter com ele.”
A Carga sofreu alguma recessão nos últimos anos, a nível mundial, reflexo de uma ligeira redução na procura a par de uma maior oferta global de espaço nos aviões. Ao mesmo tempo, e como qualquer negócio, também este está dependente da economia dos mercados onde atua. No caso da TAP, as crises vividas nos últimos anos nos mercados mais fortes – Angola e Brasil – têm contribuído para manter esta tendência mundial. Felizmente, a tendência parece estar a alterar-se para a TAP, uma vez que os dados do último trimestre de 2016 sugerem alguma recuperação.
Novas rotas, novos desafios
O produto do negócio da TAP Cargo é criado, necessariamente, pelo do negócio de passageiros. Neste sentido, e de acordo com José Anjos, “a estratégia passa muito por seguir as rotas que nos são postas à disposição. Essas rotas são-nos oferecidas para nós otimizarmos. Podem ser boas rotas de carga ou não, mas temos de trabalhar com aquilo que temos. Face àquilo que temos, a estratégia é nitidamente otimizar os Estados Unidos da América.”
Os novos destinos nos EUA – Nova Iorque JFK e Boston – são, assim, o maior desafio que a Carga vai enfrentar este ano. Uma vez que são uma das maiores apostas da Companhia, é clara a necessidade de ter uma estratégia concertada, no sentido de atingir uma receita satisfatória em todos esses voos.
São os voos de longo curso os mais relevantes para o transporte de carga em matéria de negócio. É no longo curso que se desenvolvem os grandes negócios e onde a receita está baseada. É por isso que os novos destinos na América do Norte representam a prioridade número um da TAP Cargo, como confirma o seu Diretor: “Miami, por exemplo, sempre foi um bom voo, portanto os desafios são sobretudo Nova Iorque e Boston. E também o próximo destino, Toronto.”
E é precisamente no Canadá, país que negociou recentemente um acordo económico com a União Europeia (CETA - Comprehensive Economic and Trade Agreement), que está a prioridade da TAP Cargo no que diz respeito à expansão da sua rede de vendas.
A TAP Carga pelo mundo inteiro
Tem sido feito um esforço contínuo de alargar a rede logística da Carga. Não existem agentes de vendas TAP em todo o mundo e é um trabalho constante o de tentar ter mais agentes em mais locais, tarefa nem sempre fácil. É necessário que exista um interesse por parte do agente em representar a TAP e é fundamental que sejam estudados os métodos de parceria, bem como, obviamente, as possibilidades de transportar carga para esse local. A verdade é que a rede vai sendo alargada, muitas vezes para sítios improváveis, como o Bangladesh, onde a TAP tem um representante de vendas.
“Temos de estar atentos, porque a verdade é que não temos em todo o lado, e as coisas têm de ser feitas com algum percurso. Vamos caminhando nessa direção. Faz também parte do nosso projeto aumentar essa rede para fazermos mais vendas”, remata José Anjos.
A par desta expansão, mantem-se a necessidade de intensificar os acordos com outras companhias, fundamentais para garantir o acesso a destinos para os quais a TAP não voa mas que têm potencial no que diz respeito à carga.
Mais apostas para 2017: produtos farmacêuticos e correio
A prioridade número dois para a estratégia em 2017, de acordo com o Diretor da TAP Cargo, é a aposta do transporte dos produtos farmacêuticos, na sua modernização, na especialização do serviço e na superação da concorrência.
Na reunão de vendas deste ano, foi ainda novidade a assinatura do contrato de global partnership (parceria global) entre a TAP Cargo e a va-Q-tec, cujos contentores possuem uma tecnologia altamente avançada que permitirá uma maior qualidade no transporte de bens sensíveis, como é o caso dos produtos farmacêuticos.
José Anjos, Diretor da TAP Cargo, após a assinatura do contrato com Katharina Leibacher, Diretora de Parter Alliancess & Business Development da va-Q-tec
No que diz respeito ao transporte de correio, último ponto referido por José Anjos, as perspetivas são muito positivas: “É uma área em que intensificámos a nossa atenção, arranjámos um novo sistema informático de correio e estamos a recuperar muitos clientes que tínhamos perdido por deficiente controlo daquilo que fazíamos. Temos uma ferramenta nova que nos está a trazer novos clientes e vamos de certeza continuar a aumentar este ano.”
A atividade da TAP como companhia aérea é, assim, mais do que o reboliço nos aeroportos, o embarque e desembarque de passageiros, em suma, aquilo que é visível imediatamente. Não são apenas pessoas que embarcam com as suas bagagens. Em paralelo decorre o negócio do transporte de carga, que conta com pessoas dedicadas em fazer chegar ao seu destino os mais diversos bens urgentes, de muitas proveniências, o mais rápida e eficazmente possível. Este é um negócio fundamental para a TAP, que cresce com ela e que faz parte do seu sucesso.