Iniciou funções no passado dia 6 de agosto. Ramiro Sequeira é o novo Chief Operating Officer (COO) da TAP e chega a Portugal com uma vasta experiência profissional na aviação, na qual se destacam os 12 anos no Grupo IAG (British Airways e Iberia), onde desempenhou funções operacionais.
Em entrevista, fala das suas prioridades para a Companhia aérea nacional, dos seus planos e dos desafios que espera encontrar.
Quem é o Ramiro Sequeira? Qual a sua história?
Tenho 37 anos, casado e um filho. Vivi os últimos 13 anos em Espanha (Barcelona e Madrid), país que decidi experimentar depois dos primeiros passos na aviação em Portugal, onde fui agente de handling e Oficial de Operações.
O que é que o distingue e qual o seu percurso profissional? Como é que este projeto na TAP encaixa hoje na sua história profissional?
Abracei o projeto Vueling quando a companhia tinha apenas 13 aviões. Num momento de bons ventos para a aviação, a empresa foi crescendo até aos mais de 100 aviões de hoje (depois da fusão com a Clickair) e eu cresci com ela, principalmente na área de Operações, onde fui OCC Deputy Director e Schedule Senior Manager. Foi durante este período que tive a oportunidade de obter a Licença de Despacho de voo FAA (Miami) e um EMBA (Barcelona).
Ao fim de seis anos fui convidado para fazer parte da start-up team que tinha como objetivo criar uma nova companhia – a Iberia Express, onde estive como OCC Director durante três anos.
Por último, surgiu a oportunidade de fazer parte da equipa de transformação da Iberia, depois da fusão com a British Airways, e aí combinei duas funções em simultâneo – Crew planning & OCC Director.
Penso que o resumo do meu percurso se caracteriza pela aprendizagem do que é uma companhia aérea nos seus diferentes estados – fusão, start-up e transformação. Esta experiência, acrescentada de esforço e dedicação, faz com que me sinta preparado para o grande desafio e responsabilidade que é ser COO da TAP.
Como via a TAP antes de chegar a esta Companhia e como a vê hoje?
Via e vejo a TAP como uma referência na aviação mundial. Contudo, hoje em dia a evolução é constante e a concorrência cada vez mais e mais preparada. Por isso, penso que o desafio será aproveitar a grande experiência que há na Empresa e ter a capacidade de adaptação e flexibilidade que o mercado exige.
É o novo Chief Operating Officer da TAP, reportando diretamente ao CEO. Quais são os desafios que espera encontrar (e que já encontrou, desde que entrou em funções no início do mês passado) e como tenciona enfrentá-los?
Entendo que a TAP está num processo de transformação e esta palavra por si mesma tem dois lados – o lado da mudança/incerteza, o qual deve ser gerido com assertividade e diálogo, e o lado das oportunidades/crescimento, que deve ser vivido com determinação e positivismo.
Costumo dizer que os desafios se devem enfrentar com "BEM" – Bom Senso, Esforço e Metodologia.
Quais são os seus objetivos e expectativas em relação à função e o que é que considera crítico para os poder atingir de forma satisfatória?
Espero ajudar a melhorar os índices de pontualidade da TAP (“D15'”, ou seja, um voo partir 15 minutos antes ou depois da hora prevista é considerado pontual). Contudo, o êxito dependerá de vários fatores/processos e principalmente da coordenação de varias áreas e pessoas. Nesse sentido, é crítico estabelecer um plano claro de melhoria e contar com a colaboração de todos, internamente e externamente – tripulações, handling, manutenção, escritórios, serviços, aeroporto, autoridades, etc. Ou seja ,todos e cada um.
Em paralelo e tendo em conta o mercado altamente competitivo que referi, devemos ser "productivity & cost minded", implementando medidas que nos ajudem a ser eficientes e tendo em conta os custos de todas as decisões que tomamos.
Safety para mim é "como respirar", ou seja, é algo que deve estar sempre presente em todos os processos e decisões de maneira natural.
Da sua experiência de anos anteriores, o que é que acha que será mais útil para a TAP?
O Cliente valoriza muitos fatores, desde que compra um voo até que chega ao seu destino, mas está provado que um dos principais é a pontualidade. O NPS (ferramenta que mede a satisfação dos Clientes, em cada fase da viagem e focando diversos fatores da mesma) de qualquer companhia aérea estabelece uma correlação direta entre ambos os indicadores e, por muito que façamos bem as coisas noutros aspetos, uma má pontualidade pode por em causa a recomendação e a repetição da experiência. Cada minuto conta e, por isso, gostaria que o objetivo de sair como máximo até D15' fosse uma "obsessão" partilhada por todos.
Por outro lado, espero que os últimos quatro anos muito focados nas tripulações e relações laborais, bem como o conhecimento adquirido em projetos multidisciplinares (A-CDM, Sistemas Operativos, Business Analytics, etc). em que estive envolvido seja um valor acrescentado para a TAP.